Thursday 24 November 2011

CARMEN COSTA & MIRABEAU

Carmen Costa in 1957.

Carmelita Madriaga was born on 5 July 1920, in rural property called Fazenda da Agulha, (Needle's Farm) in São Francisco de Paula-RJ a small town 240 km away from Rio de Janeiro-DF. Her mother was really poor former slave peasants. She only met her father when she was 9 years old. 

In 1935, at 15, Carmelita went to Rio to work as a domestic servant. During the day she worked hard at cleaning and at night she slept in shacks in the slums on the side-hills of mountains surrounding Rio and Niterói-RJ. 

Circa 1936 and 1937, Carmelita would spend her free-time going to the auditorium of Radio Ipanema to watch her favourite stars sing at its microphones. At that same time she landed a cleaning job in the house of Francisco Alves, simply the most popular Brazilian singer in the 1930s & 40s.. 

Carmelita won a talent contest at Ary Barroso's radio show at Radio Cruzeiro do Sul and started singing at clubs where she met song-writer-cum-singer Henricão, (real name: Henrique Felipe da Costa) who became her lover and made her change her name to Carmen Costa! Carmen as in Carmen Miranda, the most popular female singer then and Costa being Henricão's surname. They became a duo, recording for RCA Victor as of 1939

In 1942, Carmen Costa & Henricão hit the big time with 'Está chegando a hora' (The parting hour is at hand) a free-translation Henricão did of 'Cielito lindo', a Mexican folk-song. It became the most popular samba at Carnaval that year. Henricão did the same treatment to Argentine tango 'Caminito', turning it into a samba called 'Carmelito', which was quite popular too. 

Things were really humming for the couple but Henricão had a dark side and abused Carmen using voodoo to get her 'tied up' with him. One night Carmen fled from her virtual prison and never came back. 

In 1945, while singing at a street fair in Manaus-AM, Carmen was spotted by Hans Van Koehler, a US Air Force capitain who had been stationed in Amazonas since 1943. Hans, a widower with 2 sons living in the USA, was struck by Carmen, proposed to her after a few dates and they got married on 9 November 1945, in Belém do Pará. As WWII had ended, Hans knew he had to go back to the USA and so he took Carmen with him.

Carmen & Hans went to live in New Jersey where he had a house managed by his elderly mother who raised his two boys, Walter and Julian. Carmen who still felt herself mainly as a singer started singing at night-clubs around that area but she had an erratic life as a performer. Hans after having been in the military for so long could not manage to settle back as a car salesman - his former occupation before the War - and started a life of moving around in South America working for mine companies such as manganese and other minerals. Carmen finally got tired of moving around, left Hans and went back in Rio de Janeiro.

In 1951, Carmen met song-writer Mirabeau Pinheiro who wrote 'Cachaça' (the national rum-like alcoholic beverage made out of sugar cane) which was recorded by Carmen Costa & Colé. 'Cachaça' went straight to #1 during Carnaval 1952, and introduced a trend of 'booze songs' that the public didn't seem to ever get tired of. Every year now we had a #1 song that dealt tongue-in-cheek with boozing and boozers. 1954's Zé da Zilda's 'Saca-rôlha' (Corkscrew) went to #1. In 1955 there were two booze hits: Carmen Costa's own 'Tem nego bebo aí' (Mirabeau-Milton de Oliveira) (There's a drunk fellow here!) and Zé da Zilda's 'Ressaca' (Hang over) who had died late 1954 a few days after recording the single.  

Carmen & Mirabeau set up house in Rio but couldn't get married due to her being legally married in the USA and he on the other hand for having at least two wives and some natural children. Carmen became pregnant and gave birth to a girl she called Silesia in February 1954. As Mirabeau could not marry her and Carmen was weary of Brazilian economic ups and downs she accepted Hans Van Koehler's offer to go back to him when he came to visit her at the hospital where she'd had the baby. Carmen & Hans reconciled and she went back to the USA, now with a baby-girl in tow.

The story goes on but we should stop here. Carmen finally got the hang of how to operate professionally in the USA, singing at night-clubs, TVs, and recording for small labels. Carmen was there on 21st November 1962, when Bossa Nova had its day at the Carnegie Hall, in New York. Carmen performed accompanied by Brazilian virtuoso guitar-player Bola Sete who had been living in the USA for quite some time too.

Carmen eventually came back to Brazil for good and here she stayed until she died on 25 April 2007, in Rio de Janeiro.  
Carmen Costa at 'Radiolândia', 26 February 1955, when she hit with 'Tem nêgo bêbo aí'.
at Radiolândia's cover again on 18 March 1956
 Carmen Costa at her peak.
Carmen Costa, cujo verdadeiro nome era Carmelita Madriaga, nasceu em 5 Julho 1920, na Fazenda da Agulha em São Francisco de Paula-RJ, distante 240 km do Rio de Janeiro.  São Francisco mais tarde mudou de nome para Trajano de Morais-RJ, fato comum nesse nosso Brasil estranho, onde cidades tem nomes de pessoas, geralmente coronéis e latifundiários.

Sua mãe, Avelina Basílio nunca se casou com seu pai, Teotônio José Madriaga, a quem Carmelita só veio conhecer em 1929, quando tinha 8 anos.

Carmelita Madriaga veio ao Rio em 1935, para trabalhar de empregada doméstica, morando em diversos morros do Rio e no morro de Santa Rosa, em Niterói-RJ.

Primeiro emprego na Rua Toneleiros, em Copacabana, onde fazia coques ganhando 1 tostão por dia. Para ganhar mais resolve trabalhar de empregada-doméstica numa casa onde a patroa tocava piano. Carmelita se entusiasma e resolve aprender violão, carregando-o debaixo do braço na travessia da barca Rio-Niterói.

Entre 1936 e 1937, Carmelita frequenta o auditório da Radio Ipanema, onde ia assistir à orquestra do maestro Napoleão Tavares. Através de uma amiga, fica sabendo que precisavam de empregada na rua Gustavo Sampaio, no Leme. O dono da casa era Francisco Alves, que a contrata, e ela tem a chance de certa noite, cantar Assis Valente's '... E o mundo não se acabou' para a grande Carmen Miranda, que disse: 'Menina, você promete!'

Logo em seguida, Carmelita inscreve-se como calouro no Programa Ary Barroso, na Radio Cruzeiro do Sul, onde canta 'Bonequinha de sêda', sucesso de Gilda de Abreu, tirando 5, a nota máxima.

Carmen Costa & Henricão 1939 - 1946

Cantando no Clube Aliança, ficou conhecendo o compositor Henricão (Henrique Felipe da Costa), que a 'adotou', mudando seu nome de Carmelita para Carmen, e o sobre-nome para Costa, seu próprio. Com Henricão fêz dupla como cantora e compositora. Suas principais gravações foram:

'Onde está o dinheiro?' samba de Henricão, cantado por ele e Carmen; gravação 24 Maio 1939. Lado B com: 'Não dou motivo', samba de Felisberto Martins; disco Odeon.

'Margarida', marcha de Antenógenes Silva; canto: Henricão & Carmen; gravação Odeon de 11 Julho 1939.

Na Columbia, Henricão & Carmen gravam 'Dance mais um bocado', samba de Príncipe Pretinho & Henricão, acompanhados do conjunto de Benedicto Lacerda; gravação: 19 Julho 1940.

'Samba meu nego' (Miguel Baúso-Bucy Moreira) com Henricão & Carmen; lançamento: Julho 1941.

Em 1941, Carmen e Henricão se apresentavam numa feira em Recife e viram um casal mexicano dançando ao som de 'Cielito lindo'. Carmen procurava uma música que fechasse o show deles, transmitindo uma sensação de despedida. Aí nasceu a letra de 'Está chegando a hora' – o dia já vem raiando, meu bem, e eu tenho que ir embora'. Gravaram a canção mexicana em ritmo de samba pela RCA Victor em 30 Dezembro 1941, que estourou no Carnaval de 1942.

As gravações de Carmen & Henricão continuaram com 'Paraquedista', marcha de Egídio Figueiredo, em solo de Carmen;  'Só vendo que beleza', samba de Henricão & Rubens Campos; 'Depois que ela partiu', samba da mesma dupla; 'Carmelito', uma tentativa de bisar o sucesso obtido pela versão de 'Cielito lindo' - é uma adaptação de Henricão sobre o tango "Caminito' (Juan Dios Filisberto), lançado em outubro 1942.

Em 1943, Henricão e Carmen continuam firmes com 'Estrela D'Alva', batuque de João Bené & Augusto Alexandre; 'Velho realejo' de Custódio Mesquita & Sadi Cabral.

Em 1944, foi 'Casinha da Marambaia', samba de Henricao & Rubens Campos; 'Ciúme'.

Em 1945, 'E não tarda amanhecer', samba de José Gonçalves & Ary Monteiro; 'Bilú-bilú', choro de Luiz Gonzaga & Miguel Lima.

Em 1946, com 'Siga seu destino', samba de Henricão & Rubens Campos, termina a parceria de Carmen com o Henricão, que era, na prática seu marido também, embora nunca tenham 'amarrado o nó' na frente a um juiz ou padre.

A vida de Carmen e Henricão não estava mais dando certo. Ele queria dominá-la totalmente, usando a umbanda para esse fim. Certa madrugada, depois de ficar em sessão umbandista durante toda a noite, onde o 'pai-de-santo' tentava 'amarrá-la' ao Henricão, Carmen pediu arrêgo e foi se refugir com sua mãe, dona Avelina. Henricão era mulherengo, e queria manter seu harem a todo custo.

Carmen Costa in New Jersey, U.S.A. 1946 - 1949

Em 1946, Carmen cantava na Feira de Amostras em Manaus-AM, quando conheceu Hans Van Koehler um funcionário do governo norte-americano, de descendência holandesa, que trabalhava na industria da extração da borracha. Koehler chavéca Carmen, que se casam pouco tempo depois, indo ambos residir em New Jersey, USA, onde chegam no dia 5 julho 1946.

Carmen era a terceira mulher de Hans, que já tinha dois filhos, Walter e Julian. Carmen, que já tinha vítima de abuso por parte de Henricão, descobre que Hans não é flor-que-se-cheire tampouco, sendo alcoólatra e possessivo, não deixando Carmen usar siquer o telefone, e sumindo de casa por longos períodos.
Loew's Triboro in Queens, NY nos anos 30, uma década antes de Carmen cantar lá.

Carmen foge para New York, onde é ajudada por uma familia de porto-riquenhos e acaba cantando no Triboro, um cine-teatro de Queens. Apesar de tudo, Carmen não se separa de Hans e ambos acabam voltando para o Brasil em 1949, indo morar em Fortaleza-CE, onde Carmen o sustenta. A gota d'agua no entanto acontece quando ela descobre uma mulher em sua cama e rompe com o marido.
Carmen nos Estados Unidos com Hans Van Koehler e seu filho Julian.

Em 1950, na boite Mocambo, em Copacabana, Carmen conhece aquele que seria seu grande amor: Mirabeau Pinheiro, que tocava bateria no conjunto-residente.
Mirabeau Pinheiro & Carmen Costa na 'Radiolândia' de 26 Fevereiro 1955.

Mirabeau Pinheiro 

Mirabeau Pinheiro, compositor e instrumentista, nasceu em Alegre-ES em 31 Julho 1924. Ainda criança, mudou-se para Niterói, onde aprendeu o ofício de alfaiate. Filho de músico, herdou do pai a vocação artística, logo começando a compor, ao mesmo tempo em que atuava como baterista em conjuntos de boate.

Mirabeau tocava bateria na boite Mocambo quando Carmen apareceu por lá. Ela gravara uma música sobre Vila Isabel e Mirabeau compôs uma resposta. Carmen gostou da música e amigos promoveram o encontro entre os dois. O romance começou quase que instantâneamente. Mirabeau lhe disse que era solteiro, mas tinha uma filha. Na verdade, Mirabeau era casado com Sidnéia Duarte Pinheiro, e tinham outros filhos. Além de Sidnéia, Mirabeau tinha outra mulher, chamada Clotilde, com a qual tinha outra filha.

Carmen e Mirabeau passaram a morar juntos na rua da Alegria em São Cristóvão. Em 1952, Carmen 'estourou' com 'Cachaça' [Se você pensa que cachaça é água, cachaça não é água, não...] que gravou em dupla com o humorista Colé, para o qual Mirabeau tinha prometido a música. 'Cachaça' foi o maior sucesso do ano, e acabou sendo incluída no filme 'Carnaval Atlântida', cantada por Colé & Grande Otelo, que faziam o papel de uma dupla de detetives matusquélas.
Em 1953, Ricardo Galeno, compositor, aproveitando a publicidade sobre o fato de Carmen morar com um homem casado, compõe 'Eu sou a outra' e Carmen a grava, reforçando, assim, o mito da 'outra': 'Ele é casado e eu sou a outra na vida dele, que vive qual uma brasa por lhe faltar tudo em casa. Ele é casado e eu sou a outra que o mundo difama, que a vida ingrata maltrata, e sem dó cobre de lama...'
Em 1954, Carmen sobe nas paradas com 'Quase', outra composição de Mirabeau e Jorge Gonçalves: 'Foi pensando em você que eu escrevi essa triste canção... seu olhar me fascina, oh como eu vivo a sofrer... quase que eu disse agora o seu nome sem querer.'
Em 1954, Carmen têve uma filha de Mirabeau, que deu o nome de Carmen Dilú, em homenagem a Dilú Melo, cantora maranhense, que seria a madrinha da menina. Mas antes de tal acontecer, Carmen e Dilú se desentenderam, pois, aparentemente, Dilú pretendia adotar a menina, alegando incapacidade da mãe para educá-la. No fim, Mirabeau acabou escolhendo o nome de Silézia para a menina, que foi batizada por Martha Rocha, Miss Brazil 1954 e Manoel Barcelos na Catedral Metropolitana do Rio, em evento tumultuado por engarrafamento-de-trânsito e multidão na rua. 


O sensacionalismo sempre foi uma tônica na vida de Carmen. Aqui aparece ela e Silézia [Mirabeau no box]  em reportagem da Radiolândia, sobre o mêdo que Carmen tinha que Hans viesse 'buscar' sua filha brasileira... Mais tarde viu-se que a própria Carmen voltou p'ros USA de vontade própria, registrando a menina, filha legítima de Mirabeau, no nome do Hans. Durma-se com um barulho desses!
Em 1955, Mirabeau estoura no Carnaval novamente com 'Tem nego bebo aí' ['Foi numa casca de banana que pisei, escorreguei, quase caí... mas a turma lá de trás gritou: tem nego bebo aí...' .  Mirabeau é processado por 'plágio' por uma dupla de compositores, alegando que ele 'roubou' a frase 'nego bebo', mas o Juiz, acertadamente, não deu ouvidos a tal loróta. 'Jarro da saudade' foi o sucesso de meio-de-ano de 1955: 'O jarro onde eu plantei a flor, eu quebrei o jarro e matei a flor, que maldade, no jarro de barro, plantei a saudade'.
Bill Farr, Paulo Gracindo, Carmen Costa & Mirabeau Pinheiro na Radio Nacional. 
'Radiolândia' (1955) sobre o processo de plágio de 'Tem nego bebo aí' contra Mirabeau.
Em 1957, Mirabeau é o grande campeão do Carnaval com a linda 'Fala Mangueira', interpretada magistralmente por Angela Maria. Mas no meio-de-ano, Carmen estoura com 'Obsessão' [Mirabeau]: 'Você roubou meu sossêgo, você roubou minha paz, com você eu vivo a sofrer, sem você vou sofrer muito mais'.
Norma Avian, ?, Nora Ney, Maysa & Carmen Costa.

O romance dos dois vivia altos e baixos. Mirabeau ficou tuberculoso e foi internado num sanatório de Curicica. Carmen cuidou dele enfrentando a mulher legítima. Os desentendimentos só aumentavam. Carmen vendeu a casa em Cordovil pois Mirabeau invadia a casa enquanto ela estava fora, revirava tudo e ia embora deixando a casa suja e escancarada.
Carmen declara o fim de seu romance com Mirabeau na 'Revista do Radio' de 30 Novembro 1957: 'Agora somos só amigos. Eu a intérprete e ele o compositor. Vou para os Estados Unidos com meu marido norte-americano, minha filha e meus enteados!' 
Carmen volta p'ros Estados Unidos em 1959. O jarro de barro com a flor da saudade, se quebrara de vez. Quando Carmen volta p'ros USA, ela abandonou a parte de sua carreira de maior sucesso, que foram os anos de sua parceria com Mirabeau.
jovem Alaíde Costa escuta algum conselho de  Mirabeau sobre como gravar bons discos...
U. S. A. again

Não se sabe exatamente porque uma pessoa volta a viver uma vida de amargura que ela deixou no passado. No caso de Carmen, talvez ela só se lembrasse dos momentos bons que viveu ao lado de Hans nos USA entre 1946 e 1949.
Carmen foi se aventurar com o marido panaca nas Montanhas Adirondack, norte do estado de New York, perto do Canada, onde o frio e a neve permanecem durante quase o ano inteiro. Hans, que sempre viveu de 'bicos', planejava fazer um hotel de um casarão construído em 1903, onde músicos brasileiros pudessem tocar para uma clientela especial. Chegou a contratar Sivuca para começar. Carmen fazia todo o trabalho, além de cuidar de Silézia, enquanto Hans bebia e sumia na neve. O ciclo de abuso começou novamente. Carmen estava gravida quando Hans a chutou-lhe a barriga, fazendo-a abortar, e pela segunda vez, ela foge do marido e volta p'ra New Jersey-New York.
Carmen trabalha como 'chamber-maid' [arrumadeira de hotel], como operária em fábrica de armamentos, contribuindo assim para o extermínio do povo vietnamita na guerra de agressão norte-americana. Trabalhou também na prensagem de discos na RCA Victor.
No final de 1961, Carmen vem ao Brasil para contratar o violonista João Paulo, que passou a se chamar de Josef Paulo.
Carmen Costa & José Paulo aka Josef Paulo.
1962 foi um ano proveitoso, com Carmen cantando em night-clubs, onde conhece Dizzy Gillespie e Lionel Hampton. Em 22 de novembro de 1962, Carmen acompanhada de José Paulo e Bola Sete, participa da Noite da Bossa Nova no Carnegie Hall, junto à Carlos Lyra, Tom Jobim, Sergio Mendes e outros.
Carmen ainda canta no Mexico e Portugal, e em 1972, resolve voltar p'ro Brasil definitivamente. Foram mais de 20 anos morando nos Estados Unidos.
Carmen começa sua terceira carreira no Brasil cantando na boite Sucata em 1974, e daí em diante nunca mais se ausentou dos palcos, até seu falecimento em 25 de Abril de 2007. 

Em 1959, Carmen, aborrecida de toda essa confusão faz o impensável: volta para o antigo Hans e vão-se embora p'ros Estados Unidos. Lá, ela registrou a menina com o nome de Silézia Van Koehler declarando Hans Van Koehler como pai legítimo, muito embora a menina fosse totalmente negra.

Compositor de rara intuição, era capaz de fazer músicas num momento inesperado. Carmen relembra: 'Ele era capaz de sair pela rua e, de-repente, cantar uma música prontinha!'. 
No início da década de 1950, conheceu a cantora Carmen Costa, que gravou 33 músicas de sua autoria. Foi por intermédio da voz dela que se tornou conhecido, alcançando o auge de sua carreira no período de 1953 a 1956.

Mirabeau faleceu em 7 Outubro 1991, em Niterói-RJ.

  CARMEN COSTA e a Bossa-Nova

Roberto Menescal, Chico Feitosa e Carmen Costa se apresentam no Carnegie Hall de New York na celebre noite de 21 novembro 1962.
Jornal do Brasil - 22nd November 1962.

Em entrevista para o jornal 'Valôr Econômico', de 8 Julho 2002, Carmen deu entrevista na qual fala de suas várias temporadas vividas nos Estados Unidos:   

"Morei nos USA em 1946, quando me casei com Hans Van Koehler. Fui cheia de sonhos, com vontade de cantar com grande estrelas da música. Mas ficou só no sonho, pois meu marido sumiu, me abandonou. Tive, então que me virar. Trabalhei na RCA Victor, a fábrica de discos, da meia-noite até às 8 da manhã. Cheguei a prensar 1.400 LPs por noite. Um dia, mostrei meu próprio disco para minha chefe [boss, que ouviu e perguntou o que eu estava fazendo alí. Cheguei a adoecer dos nervos de tanto trabalhar. Voltei ao Brasil, conheci Mirabeau e fiz muito sucesso entre 1950 e 1957. Em 1958 retornei aos Estados Unidos".

Quando o Consulado Brasileiro de New York começou a organizar um concerto de Bossa-Nova no famoso Carnegie Hall, trazendo os novos intérpretes e compositores para se apresentarem, eles contactaram Carmen Costa, que já se apresentava pela região de New York junto com os violonistas Bola Sete e José Paulo.  Carmen continua contando:

"Os bossa-novistas não queriam se misturar e olhavam torto para quem não era da turma. Eu era considerada 'bossa-velha'. Mas não me intimidei, não. Disse que já tinha tocado com Lionel Hampton e Dizzie Gillespie e não ia deixar ninguém botar banca. Eu fiquei três horas no hotel ensaiando com o João Gilberto. Ele era até simpático, mas muito desconfiado..."


2008 - Essential reissue of the legendary 1962 Bossa Nova concert at Carnegie Hall. The concert is legendary not only because it was a bit of a disaster (according to legend, just about nobody got paid!), but also because it brought together a huge amount of Brazilian talent on one stage, and premiered their music to a rabid U.S. audience. The recording has a stunning live feel, and it preserves all the acoustics of Carnegie Hall, complete with lively crowd response. Oscar Castro Neves backs up most of the singers, including Sergio Ricardo, Carmen Costa, Carlos Lyra, Ana Lucia, and Chico Feitoso, and the LP has other instrumental performances by Joao Gilberto, Milton Banana, Roberto Menescal, Luiz Bonfa, and Sergio Mendes. Great stuff, and with 14 tracks, including "O Barquinho", "Influencia do Jazz", "Outra Vez", "Zelão", "Não faz assim", "Sound of Bossa Nova New York", and "Passarinho". A bossa classic, let loose again at a nice reissue price with much better sound than before. Check it out.
Ramsey Lewis Trio - Bossa Nova - 1962 


postagem no Loronix em 27 Agosto 2007 por ZeCalouro sobre esse album gravado pelo Ramsey Lewis Trio, com participação de CARMEN COSTA e o guitarrista Josef

Hello, Good Evening! Let's start with a very successful formula, which is Bossa Nova recorded outside of Brazil by an international artist. Actually, I cannot understand why I did not release this one earlier, it is among my favorites in the style. Let's what happens?

This is Ramsey Lewis Trio - Bossa Nova (1962), for Argo, also featuring the Brazilian singer Carmen Costa and Josef Paulo, which is probably Brazilian singer-guitar-player Jose Paulo who played guitar with Carmen Costa at the famous Carnegie Hall concert in November 1962.

Ramsey Lewis is on piano, Eldee Young at bass and Redd Holt on drums, do a good job, above-the-averege at this early US Bossa Nova album. Tracks include:

1 - Samba de Orfeu
2 - Manhã de carnaval
3 - As criancinhas
4 - A noite do meu bem
5 - O pato
6 - A felicidade
7 - Whirpool
8 - Cara de palhaço (whose actual title should be 'Palhaçada')
9 - Canção para Geralda

Parts of the texts in this page were taken from the book 'Carmen Costa, Uma cantora do radio', written by João Carlos Viegas, Editora Revan, released in 1991; Weekly political magazine Carta Capital published a Carmen Costa portrait on 10 September 2003.
  
'Revista do Radio' tells how German-American Hans Van Köhler fell in love with Carmen Costa while watching her sing at a fair in Manaus-AM in late 1945. He invited her for a pic nic at the margins of Rio Negro and before the fair was over he popped up the question: 'Carmen, do you want to marry me?'. They got married on 9 November 1945, in Belém do Pará and soon flew to the USA where Hans had 2 sons being raised by his elderly mother in New Jersey
After living and working in the USA 6 years, Carmen left Hans and flew back to Rio, in 1951. In 1952, Carmen met song writer Mirabeau Pinheiro, they both fell in love with each other and started living together. They could not get married legally for she was still married to an American citizen and Mirabeau was technically a bigamist having managed to get married to 2 different women at different times.  Carmen became pregnant in 1953 and gave birth to a daughter on 13 February 1954. While she was still in hospital, Carmen got a letter from a relative in Fortaleza-CE saying her former husband Hans was there and wanted to reconcile with her. Hans flew to Rio, went to visit her at the maternity ward. Carmen who had been living in Brazil for 3 years and knew how difficult it is to live in a country economically unstable decided she'd go back to the USA with Hans... and so they did. Hans adopted her daughter Silesia and that's all she wrote. 
Revista do Rádio, 13 February 1954.
Carmen Costa and Dilú Melo had a misunderstanding...
Martha Rocha, Miss Brazil 1954 ended up as the girl's godmother... 

Carmen sings at PRH-8 in 1957

2 comments:

  1. Olá, a vida da Carmen Barbosa é bem tumultuada e dificil de entender sua trajetória. Mas, acredito que este artigo procurar esclarecer isso... parabéns Luiz! Abraços musicais.

    ReplyDelete
    Replies
    1. Oi, Thaís, só vi seu recado 11 anos depois que você escreveu... Sim, a vida de Carmen Costa foi mais que complicada. O caso da sua filha, Carmen Dilú, que ela prometeu p'ra Dilú Melo batizar, no final foi a Miss Brasil 1954, Martha Rocha quem acabou batizando... Mirabeau, que era o pai biológico da menina ficou a ver navios, pois Carmen voltou p'ros EEUU e acabou registrando Carmen Dilú como filha do alemão naturalizado americano... Como se dizia antigamente: Durma-se com um barulho desses! Thaís, sentimos sua FALTA todos os dias... quando li esse seu recado de 11 anos atrás, senti como se tivesse sido ontem... Que saudade!!!

      Delete