Tuesday, 17 April 2012

NILO SERGIO, singer, band-leader, CEO

Nilo Sergio in 1943.
Nilo Santos Pinto was born in 16 June 1921, in Rio de Janeiro-DF. We don't know much about his early years except that he went to Colegio Sylvio Leite, a boarding school in Boca do Mato-RJ for elementary and high school. Nilo Sergio was very fond of the English language due to his love of watching American musical movies and made a point of studying it as hard as he could.  
Nilo loved the big bands and after he left school he took part in a few radio gong-shows winning most of them. In 1943, when he was 21 years old, Nilo got a job as the crooner of orchestra The Midnighters, and recorded 'Take it from here' and another 6 singles for RCA Victor.  From 1944 on, Nilo recorded as a solo act. Most of his recordings were in English. In 1945, Nilo signed with Continental Discos and remained with the company for the rest of the decade. 
In 1951, Nilo signed with Todamérica, a new label in the market that released 'Cavaleiros do céu', a translation of 'Ghost riders in the sky' with Nilo singing in his native Portuguese. 
Nilo, who had always had a pench for business established his own record shop in downtown in Rio (Rua Senador Dantas, 74) called 'Lojinha de Música' - and ended up learning the ropes of how-to-create-your-own-label with the fledgeling Todamérica. Not long after he actually founded Musidisc a record company that would be very successful through the 1950s and 1960s.
Nilo Sergio was adventurous in business. Musidisc was the first Brazilian label to record in Stereo with Pierre Kolman's first album in 26 December 1956. The album was eventually released in Monoaural due to the non-existence of stereo record-players in the country. Musidisc was the 1st record company to abolish the manufacturing of 78 rpms. 
Nilo Sergio was a very short man at 1.50 meters tall. D.K.W. (a very small German car) being his nickname during the time he sang at Radio Nacional and Radio Tupi. 
Revista do Radio - 25 Abril 1950.
Nilo Sergio é um brotinho do radio e, não obstante tem um cartaz bem expressivo. Surgiu em fins de 1943 num programa de calouros que Edmundo Maia animava depois que Ary Barroso deixou a Radio Cruzeiro do Sul para ir p’ra Tupi.
Nilo Sergio, nascido Nilo Santos Pinto, rapazola que estudava inglês, foi influenciado pelo cinema falado norte-americano com seus números elaborados musicais e suas historias de cantores e compositores que se tornam famosos do dia p’ra noite. Assim, foi atraído para o programa da Cruzeiro do Sul e conseguiu de imediato conquistar os 300 cruzeiros do prêmio acumulado. No dia seguinte era a audição de calouros da Radio Ipanema comandada por Afonso Scola e lá, também, Nilo Sergio conquistou a nota 5.
Estava aberto o caminho do estrelato. Vencedor em dois programas, Nilo Sergio foi apresentado ao diretor da Radio Nacional e, depois de um teste, contratado como intérprete de músicas norte-americanas, permanecendo lá até 1947, quando trocou a E-8 pela G-3.
Nilo Sergio fala fluentemente o idioma inglês e já esteve nos Estados Unidos em viagem de estudos antes de ingressar na Radio Tupi. Agora, realizando um velho sonho estabeleceu-se com uma loja de discos na Avenida Rio, Branco, onde divide seu tempo entre as atividades comerciais e artísticas. Seus afazeres como negociante não prejudicaram sua vida artística, pois tem composto várias melodias e feito uma série de versões das mais interessantes.
Samba-bolero
A sua grande conquista é a fusão de dois ritmos latino-americanos, o samba e o bolero que ele apresentou pela 1ª. vez em um programa da Tupi. Sendo dois ritmos diversos, ele consegue, porém, equilibrá-los, dando às maracas e as claves [pauzinhos] a incumbência da marcação do bolero enquanto o piano, a bateria e o pandeiro fazem a marcação do samba.
Este ano, porém, Nilo Sergio, que sempre cantou musicas norte- americanas e somente poucas vezes as nossas melodias, resolveu só gravar musicas brasileiras. Suas composições terão letras de Alberto Ribeiro.
Além disso Nilo foi convidado a gravar nos Estados Unidos músicas sul-americanas em versões em inglês. Enquanto, porém não chega a data de seu embarque, o brotinho do radio continua no comercio de discos e nos programas da Radio Tupi.
Texto de Vitor Leal para a Revista do Radio de 25 Abril 1950.


Nilo Sergio atendendo clientes em sua loja de discos e ao microphone da Radio Tupi do Rio de Janeiro.
Internato Colégio Sylvio Leite em Boca do Mato-RJ nos anos 1930s.
Revista do Radio reporta a quebra de contrato da Radio Tupi em 1950.
Nilo Sergio se desentende com a Radio Tupi, que não queria lhe dar férias, leva o caso ao Ministério do Trabalho, ganha a causa, mas é dispensado pela malvada, ficando sem contrato.
Revista do Rádio saúda a Todamérica, nova gravadora que surge. Fotos de Roberto Paiva e Aracy Costa.
Nilo Sergio é convidado a gravar na Todamérica, novíssima gravadora que iniciava naquele instante. Nilo aprendeu como se fazia uma gravadora e logo em seguida, em 1953, lança a Musidisc, que seria maior que a Todamérica e duraria até os anos 1970.  
Todamérica, que era uma companhia editora de música entrou no mercado de discos, e a Revista do Rádio entrevista Antônio Almeida, seu diretor. 
'Quais são seus novos contratatos?'
'Nilo Sergio gravou 'Cavaleiros do Céu' (Ghostriders in the sky), numa versão de Haroldo Barbosa e na outra face 'Speak low' (Fale baixinho). Ademilde Fonseca já pôs em acetatos dois choros 'Molengo' e 'Derrubando violões'.
Gravamos nossos discos na Fábrica Byington. O fato de não termos uma fábrica de gravação, não é de estranhar. Nos Estados Unidos, por exemplo, existem milhares de etiquetas, no entanto, as gravações de todas essas companhias são feitas em somente 6 fábricas.  
Resenha do ano de 1950, feita pela Revista do Radio. 
Nilo e Celina ficaram noivos em 25 Dezembro 1948; em fins de 1949, Nilo montou sua 'Lojinha de Música' e em 1951, Nilo, já dirigindo seu Chrysler de último tipo, finalmente marcou a data do casamento.  Celina Lopes Domingues é o nome da noiva de Nilo Sérgio, que a conheceu no dia do aniversario dela, 11 Março 1944. 
Nilo Sergio e Celina Lopes Domingues casam-se na igreja da Candelária em 24 de Maio de 1951. 
1o. LP gravado em Stereo no Brasil - final de 1956.
Em 26 Dezembro 1956, a Musidisc faz a 1a. gravação Stereo no Brasil, o 1o. LP de Pierre Komann. O disco no entanto foi lançado como Alta Fidelidade devido ao alto custo da prensagem, isto é, como gravação monoaural e não estereofônica.  A Musidisc não fabricava mais 78 rpms em 1957, apenas 45 e 33 rpms. 
Nilo Sergio em partida para os EEUU é cumprimentado por Booker Pittman & Toni Vestane.
Anúncio pago pela Musidisc saiu na revista Cash Box de 31 Outubro 1959.
NILO SERGIO DISCOGRAPHY (according to Cravo Albin) 
1943 
Take it from there - with The Midnighters - RCA
It can't be wrong - with  The Midnighters - RCA
You'll never know / My devotion - with The Midnighters - RCA
Jingle, jangle, jingle / If you please - with The Midnighters - RCA
Sunday, Monday or always / For the first time - with The Midnighters - RCA
Paper Doll / Hello Frisco - with The Midnighters - RCA
Morena boca de ouro - with As Três Marias - RCA (his first song sung in Portuguese)
1944
Have I stayed aweay too long / Don't believe everything you dream - RCA
I'II be around / No love, no nothing - RCA
How sweet you are / We mustn"t say goodbye - RCA
Someday I'II meet you again / The dreamer - RCA
Shoo-shoo baby / Don't sweetheart me - RCA
Goodnight, wherever you are / How blue the night - RCA
San Fernando Valley / Long ago - RCA
1945
I'm making believe / Let me love you tonight - Continental 
Always - All of me / This heart of mine - Continental 
More and more / Candy - Continental 
Laura / Dream - Continental 
1946 - As long as I live / It might as well be spring - Continental 
1947 - Among my souvenirs / Mam'selle - Continental 
1948
Without you / Make mine music - Continental 
Begin the beguine / Je vous aime - Continental
1949
I'm looking over a four leaf clover (Trevo de quatro folhas) / My darling, my darling - Continental 
On na island with you / Mañana - Continental 
Canção de aniversário / Falta-me alguém - Continental 
1950 
Sorrisos / Que importa a vida - Continental 
Cavaleiros do céu (Ghostriders in the sky) / Speak low - Todamérica 
Anseio / Não posso esquecer- Todamérica 
Parabéns a você / Canção de aniversário de casamento- Todamérica 
1951
Você é tormento / Não briguemos- Todamérica 
Serenata / Onde a tristeza mora- Todamérica 
1953
Datas felizes - Musidisc - LP
1956 
Canções de Natal - Nilo Sérgio e Trio Surdina - Musidisc - LP
Vai menina / Dos perdidos - Musidisc 
1960 - Dançando suavemente - Nilo Sérgio e sua orquestra - Musidisc - LP
1961 - Canção de aniversário de casamento / Parabéns a você - Continental 
1962 - Isto é romance - Nilo Sérgio, sua orquestra e vozes - Musidisc - LP
1962 - Dança e romance - Nilo Sérgio, sua orquestra e vozes - Nilser - LP
1963 - Bolero, amor e romance - Nilo Sérgio, sua orquestra e vozes - Nilser - LP
1963 - Cleópatra, cinema e romance - Nilo Sérgio, sua orquestra e vozes - Nilser - LP
1969 - Canções para uma noite de chuva - Orquestra Nilo Sérgio - Musidisc - LP

Em 1953, Nilo Sergio cria a gravadora Musidisc, com sede em sua loja na Avenida Rio Branco.
Em 1961, Nilo cria o sêlo Nilser, dentro da sua Musidisc.
Foi num programa de calouros da Radio Cruzeiro do Sul que Nilo Sergio inciou sua carreira artística. Paulo Roberto gostou dele e o contratou por Cr$ 800,00 mensais. No mesmo ano fez um teste na Radio Nacional e,  aprovado por Haroldo Barbosa e Lyrio Panicalli, foi contratado pela PRE-8 para cantar musica norte-americana. Logo depois era convidado a gravar na RCA Victor, com a Orquestra de Zacarias. Chegou a gravar alí 30 discos, até que em 1948, transferiu-se para a Continental e Todamérica, onde gravou musica brasileira e composições de sua autoria. 
Foi contratado para atuar no Cassino da Urca, mas veio a lei contra os jogos de azar e os cassino foram fechados antes mesmo de Nilo Sergio estrear. Passou a trabalhara na boite Casablanca, com grande sucesso. Em 1948 foi pela 1a. vez à America do Norte, tendo feito uma série de programas de radio em Los Angeles e Hollywood na NBC, cantando musica brasileira e americana. Empolgado com o comercio de discos nos Estados Unidos, abriu na Cinelândia a sua 'Lojinha de Música' que foi pioneira no gênero.
Quando a equipe da Nacional, liderada por Gilberto de Andrade, passou para a Radio Tupi, Nilo Sergio também foi e lá criou o 'Lojinha de Música', um programa de disc-jockey apresentado por ele e Nancy Wanderley. Em 1950 afastou-se das Emissoras Associadas e ao mesmo tempo encerrou sua carreira de cantor por falta absoluta de tempo, todo dedicado a negócios particulares. 
Em 1954 fundou a Musidisc e vendeu sua loja, para não fazer concorrência aos freguêses. Em 1956 fez sua 1a. viagem à Europa, seguindo depois para os USA, fazendo contatos com fabricas de discos, as quais passou a representar no Brasil. Lançou então suas novas marcas: Masterpiece, Audio-Laboratory, Hi-Fi Jazz, Junior e mais tarde a Audiola, etiqueta destinada a pessoas de nivel aquisitivo mais modesto, sem perder qualidade e apresentação. Atualmente a gravadora de Nilo tem sede própria num prédio novo na Lapa, onde ocupa 2 andares, instalados com todo conforto e técnica. Comprou também duas lojas no prédio, onde vai ser instalado o departamento de divulgação. Agora sua meta é o lançamento da Nilser, uma companhia vinculada à Musidisc. Será uma etiqueta para lançamento de discos especiais, que serão editados apenas 12 por ano. A Nilser será também uma agência de publicidade e editora musical. 
Dado ao seu gosto musical e atendendo aos pedidos de amigos, Nilo Sergio criou uma orquestra a seu gosto e a lançou com o LP 'Isto é romance', em que utiliza os recursos de cordas e vozes em trabalho junto ao arranjador. A gravação foi um sucesso e logo saiu o 2o. disco da série, no qual, por sugestão de amigos, Nilo canta uma melodia em cada face do disco. 
Com a transformação da Musidisc em sociedade anônima, Oswaldo Cadaxo e Dulce Domingues passaram a acionistas da firma. Oswaldo é o diretor-executivo que começou como vendedor da firma e Dulce é a diretora comercial. 
Esta é a história de Nilo Sergio, cuja paixão pela música transformou uma mania numa história de grande utilidade para o País. Nilo é casado com dona Celina Domingues Pinto e tem 2 filhos. Nilo Sergio de 5 anos e Celly Anne de 2 anos. Morando num belo apartamento no Flamengo tem como hobby a pesca em alto mar.  



Sunday, 15 April 2012

Carmen Miranda talks to 'Revista do Radio' 1955

Carmen Miranda had a serious nervous breakdown in mid-1954. Her doctor in Beverly Hills, California, warned the family he couldn't do much about Carmen's deep depression and advised she should be brought to Brazil. Maybe seeing her old country again would restore her health and she might 'pick up' again.

Carmen flew down to Rio and stayed at the Copacabana Palace as a guest-of-honour for a few months. She did pick up again after a few weeks and she even made several public appearances at radio stations, balls and private parties. Carmen stayed in Rio for the 1955 Carnival and was photographed having fun at some places during those festivities.

She was summoned back to the States by her husband Dave Sebastian who would pester her over the phone saying she had a lot of contracts to fulfill. Carmen fell for this talk and flew back to the USA on 4 April 1955. Exactly 4 months later, on 5 August 1955 she was found dead in her bedroom in Beverly Hills... she had a massive heart attack just when she was preparing to go to bed after a hard day's work doing the Jimmy Durante Show at NBC. Carmen's cold body was found by her Hispanic maid the morning after   

In January 1955, Carmen Miranda gave a long interview to Revista do Radio in Rio de Janeiro. Here's what La Miranda told the reporter from that weekly magazine.

Carmen Miranda em Janeiro 1955 no Copacabana Palace, em 4 páginas de entrevista da famigerada Revista do Rádio. 
Carmen Miranda concede entrevista à Revista do Radio em Janeiro 1955.

Carmen Miranda faz declarações exclusivas e sensacionais para a Revista do Rádio

Carmen Miranda nos recebeu no apartamento 71 do Copacabana Palace Hotel. Tivemos oportunidade de conversar longamente. Ela não escondeu fortes emoções diante de algumas das nossas perguntas. E por isso não abordamos diretamente sua enfermidade, que não é outra coisa senão um agudo esgotamento nervoso. E iniciamos:

- Por que demorou 14 anos em vir ao Brasil?


- Compromissos contratuais. Nos Estados Unidos minhas atividades dividiram-se entre o cinema, radio teatro e TV. E não sobrara tempo para viagens de férias.

- Carlos Machado ofereceu-lhe contrato para trabalhar num espetáculo aqui no Rio?

- Sim, mas isso já faz tempo. E o lado financeiro, apesar de elevado, não compensava em relação ao que eu ganhava na América.

- E você, um dia, não pretende voltar definitivamente?

- Por enquanto ainda não pensei nisso.

Um dos assuntos que despertam curiosidade entre o povo é a fortuna de Carmen Miranda. Porém quando pretendemos conhecer seu valor, ela replicou graciosa:

- Isso é a mesma coisa que eu lhe perguntar quanto tem agora no bôlso.

- Pois não, Carmen, respondemos, 230 cruzeiros... E você?

- Aqui nada!

- Não é verdade que possui edificios de apartamentos na Tijuca?

- Não. E nem pretendo comprar nenhum.

- Entendemos que todo seu dinheiro está depositado em bancos americanos. Você declararia quanto paga de impostos anuais?
- Isso varia muito. Adianto apenas que em 1951 fui a artista que mais pagou impôsto-de-renda nos Estados Unidos.

Em 1940, quando Carmen voltou ao Brasil pela primeira vez - justamente um ano depois de sua ida - houve um incidente no Cassino da Urca. Como devem estar lembrados os leitores, ela lá se apresentou e cantou dois números. Os granfinos que lotavam as dependências resolveram hostilizá-la e não a aplaudiram. Provocaram uma verdadeira 'vaia silenciosa', que Carmen nunca esqueceu. Sem pretender relembrar isso, indagamos:

- Consta que o Cassino da Urca vai reabrir. Você concordaria em cantar lá, numa grande festa que pretendem realizar?

Carmen, tomada de surprêsa, não escondeu um certro desapontamento. Os olhos encheram-se de lágrimas e, inteligentemente, fugiu do assunto:

- Não sei. Talvez na época eu nem esteja aqui.

E nós a ajudamos a distanciar-se mais ainda:

- Quantas bahianas completas você tem?

- Trinta! Cada uma mais bonita...

- E quantos vestidos?

Aqui Carmen Miranda nos olhou espantada. E só depois de explicações respondeu:

- Duzentos e cinqüenta! Entretanto a maioria é constituida de trajes esportes.

Alguns jornais afirmaram que Carmen veio ao Brasil esquecer David Sebastian, de quem pretendia divorciar-se. Ela negou tudo, revelou que o seu marido ficara no 'batente' e que não queria separar-se dele. Contudo, ainda dentro do aspecto sentimental, procuramos confirmações sôbre notícias antigas.

-Nos seus primeiros meses em Hollywood houve mesmo um romance com Don Ameche?

- Don Ameche? Casado e com 8 filhos? Eu, heim!

Houve sorrisos e prosseguimos intima e animadamente:

- Você gravaria uma musica para o Carnaval dêste ano?

- Não, negou ela. Mas aprenderei algumas.

- Já conhece e sabe dançar o baião?

- Um pouquinho. Até que é gostoso.

- Por que tingiu os cabelos?

- Para as filmagens de 'Copacabana' em 1947. Depois deixei-os ficar assim, pois se tornaram mais fotogênicos.

- Em Hollywood conheceu ou foi procurada por Martha Rocha, nossa Miss Brazil?


- Não. Dela apenas ouvi referências. Mas poderia ter ganho o primeiro lugar. Sabe com é, tudo feito pelos americanos.

- O que você fazia nos Estados Unidos para matar as saudades do Brasil? - Reunia brasileiros em minha casa. Os bate-papos eram agradáveis e bem brasileiros. A diferença entre eles e êste está em que neles eu respondia menos e perguntava mais.
- Como recebeu a notícia da morte do Presidente Vargas?

- Da forma que qualquer pessoa afastada do Brasil há 15 anos poderia receber. E por ser extremamente apolítica, não quero comentar o assunto.

Carmen Miranda tem razão em desconhecer muitos fatos relativos à vida artística, cultural e política do Brasil. Raramente recebe publicações nacionais. E soube externar isso muito bem.

- Só dificilmente chegavam às minhas mãos jornais ou revistas brasileiras. Nem o Consulado Brasileiro de Los Angeles me dava notícias daqui.

- E soube do que aconteceu com Ava Gardner no Galeão?

- Quase nada. Numa revista americana ela dizia estar magoada com a imprensa brasileira.

- E você está a par dessa onda das fans de Emilinha Borba e Marlene?

- Absolutamente não!

- Essas duas cantoras poderiam fazer sucesso no estrangeiro?

- Depende. Quem entrar com o pé direito terá maiores chances.

- E você opiniaria sôbre elas?

- Seria impossível, apesar da melhor boa-vontade. Que posso eu dizer? Lembro-me de Emilinha, do tempo que ela atuava no Cassino da Urca, e de Marlene conheço apenas referências.

- Então você não conhece os sucessos delas?

- Não o suficiente para me externar bem. Aqui ouvi falar muito em cantoras nacionais , como Emilinha, Ângela Maria, Dyrcinha , Nora Ney e Isaurinha Garcia. Mas não ouvi nada delas, nem em gravações.

Carmen Miranda não mudou. Continua aquela mesma criatura ruidosa e alegre, simples e comunicativa. Aproveita a menor oportunidade para fazer blagues. Realmente está doente, e diz, jocosamente:

- Eu tenho é tremedeira!

Seus olhos possuem aqueles brilhos que os tornaram inconfundíveis. Emagreceu e está mais bonita. E na despedida cedemos ao desejo da última pergunta:

- Carmen, você não sonha com um herdeiro?

- Claro que sim. Mas infelizmente aquêle que eu tanto desejara, perdi antes do seu nascimento.

Dias depois de nos transmitir essas declarações, Carmen Miranda concedeu uma entrevista coletiva à imprensa. Compareceram repórteres, fotógrafos e radialistas. Houve confusão e um verdadeiro bombardeio de perguntas. E de tudo o mais pirtoresco foi a 'torcida' de Aurora Miranda. Para cada resposta da Carmen havia uma expressão de contentamento em seu rosto. As duas irmãs são muito unidas.

Revista do Radio de 29 Janeiro 1955.
Revista do Radio de 29 Janeiro 1955.
4 páginas de uma entrevista focada em factos passados há mais de 14 anos. Jornalismo anacrônico!

comentário

A entrevista feita pelo reporter da Revista do Radio é sádica e de má-fé. O jornalista cria um factóide do mais mentiroso - uma provável reabertura do Cassino da Urca, quando todo mundo sabia que o jôgo-de-azar fora proibido em 1946 ad eternum - para remexer na ferida da 'vaia silenciosa' que Carmen recebera em 1940, da granfinagem carioca, na famigerada noite-de-gala promovida pela sra. Darcy Vargas. Carmen fica triste e com os olhos marejados de lágrimas e o jornalista percebe que 'passou dos limites', pois afinal está entrevistando uma pessoa fragilizada por um colapso nervoso recente. Jornalistas em geral, gostam de colocar seus entrevistados em situações embaraçosas, mas esse tem falta total de sensibilidade.

Depois de enfiar a faca na ferida e retorcê-la, o sádico muda de assunto e fala de suas 'bahianas' e pergunta quantos vestidos ela teria. A pergunta é tão absurda para quem vive nos USA, que demora um pouco para Carmen entender o sentido. Logo em seguida o mesmo infeliz ultrapassa o bom senso e pergunta, à queima-roupa, quanto dinheiro Carmen tem depositado em bancos norte-americanos. Isso não se faz em país civilizado. Assim mesmo Carmen não perde a compostura.

O sadismo do jornalista vai até o final da entrevista, quando escolhe, como última estocada de seu punhal, o assunto do aborto involuntário que Carmen teve em passado recente. Pergunta-lhe se ela não queria um 'herdeiro', quando todos sabiam que Carmen já tinha passado da idade de engravidar. Carmen, assim mesmo não se recusa a responder. A sinceridade dela vence a covardia e calhordice dele.

Na verdade não há uma pergunta inteligente siquer nessa reportagem. O boçal pergunta-lhe sobre a briguinha entre fans de Marlene e Emilinha Borba. Se vê que a cultura nacional se resumia a brigas de fan-clubes em 1955.

O jornalista está tão anacrônico, que para dar 'molho' à entrevista, pergunta à Carmen sobre um possível romance que teria havido entre ela em o ator Don Ameche... em 1941. Um assunto com 13 anos de defasagem.

Pergunta também sobre um incidente que houve entre Ava Gardner e jornalistas brasileiros no Galeão ha algum tempo antes. O que Carmen poderia saber sobre um assunto tão desagradável como esse, acontecido aqui e não lá, na California, onde ela morava?

As quatro páginas de entrevista é um exercísio em futilidade e má-fé. O entrevistador teve as piores das intenções e se comportou como um grande imbecil. Perdeu uma oportunidade ímpar de se aprofundar em assuntos interessantes para repisar fatos e factóides anacrônicos. Tudo ficou um chove-não-molha, uma lenga-lenga da mais sem-graça possível. Nota zero para a Revista do Radio.
9 February 1955 - Carmen Miranda on the day she became 46 years-old - being the special guest of Angela Maria on Radio Mayrink Veiga - these guys were chosen the best of 1954: first row from left to right: Rubens Amaral, Antonio Carlos, Cesar de Alencar, Luiz Mendes; in the back: Lucia Helena, Carmen Miranda, Olga Nobre e Angela Maria. 
Carmen abraça o Rei Mômo durantes os festejos do Carnaval de 1955.
Grande Othelo diverte Carmen Miranda em 1955 no Rio.
their zany routine continues...

5 March 1955 - Revista do Radio's editor Anselmo Domingos wrote his impressions of Carmen Miranda he saw in Rio on 9 February 1955 - her birthday - at the Clube de Cinema. Anselmo probably didn't know the depth of Carmen's illness and the irreparable damage done to her mental health by those infamous shock treatment she was submitted in California to get her out of a deep depression. 

Anselmo thinks it 'quaint' that Carmen is constantly touching and embracing Angela Maria (quase sempre agarrada a Angela Maria) and calling her 'moreninha' affectionately (chama-a de 'moreninha') which was not politically correct. It implies racism - especially for someone like Carmen who had lived 15 years in a notoriously segregated US society. 

In the second paragraph, Anselmo Domingos suddenly tells the truth when he writes: 'A impressão que se tem é de que Carmen Miranda está quase autômata, de que tudo é mecanizado, desde o sorriso até as respostas, que tem sempre prontas.' The impression one gets is that Carmen is an automaton, everything is mechanized from her smiles up to the answers she's got on the tip of her tongue'.

Domingos says old-timer singer-song-writer Herivelto Martins came up to Carmen and gave her a hug. After that Miss Miranda asked someone who was that man. She didn't have a clue who Herivelto Martins was. He was an image that her California shock-treatment must have erased forever. A little later popular radio man Jorge Murad arrived but Carmen could not remember him at all.

Even though Anselmo Domingos don't spell it out in the article he must have noticed that something terribly wrong was the matter with Carmen. At a certain point he asks her whether she was happy. Miranda answers it next to his ears: 'Today I'm very happy. It's my birthday!' Anselmo insisted asking whether she felt happy on other days too?

Carmen smiled, lighted another American cigarette, searched for a glass and instead of answering she retorted: 'Don't you dance?' and said nothing else.  

Saturday, 14 April 2012

Francisco Egydio, Roberto Vidal, Sylvio Caldas etc.

Francisco Egydio & Lupiscínio Rodrigues. 
Roberto Audi on the cover of  'Sétimo Céu' em 1960.  Roberto had good looks and had a good tenor's voice but never quite 'made it' in the big league.
Mario Augusto dos Santos muda o repertório durante do Carnaval. That means Mario Augusto who was a rock and ballad singer would change his repertoire into marchs and sambas when Carnival time was on.
Germano Mathias, a white guy who imitated Brazilian Blacks' swagger and repertoire.
Roberto Vidal sang mostly samba-canções, a close-relative of bolero.
revista 'O Cruzeiro' 1962.
Sylvio Caldas in 1957. He had been popular in the 30s & 40s but was still going strong in the 50s.
Pery Ribeiro, Dalva de Oliveira's son started as a samba singer and switched over to Bossa Nova sooner than later. He's the first one who recorded 'Garota de Ipanema' [Girl from Ipanema].
Wilson Simonal's 2 first albums for Odeon were excellent. He had started as a rock-ballad singer. Then after Dutch Philips 'discovered' Jorge Ben in 1963, Odeon had to do something and it came out with this amazingly talented singer who could swing like no one... He later became imbroiled into the lowest case of political infight during the worst period of the Military Dictatorship and self-destructed.
the Original! Ken Griffin's 'To each his own'.
Ooops! a daisy! Roberto Carlos first album by Brazilian Columbia. They were too cheap to bother and make a new sleeve and used an old Ken Griffin's! A re-rash!

This is the back-cover of 'Louco por você' which became a collector's item of a high value due to its never been re-released. 
George Freedman & Nerino Silva during their tour in the Northeast circa 1968.

Miltinho canta na TV Excelsior, Canal 2 do Rio de Janeiro-GB.
Miltinho's first 6 albums. Two albums for Rio's Sideral; one at RCA Victor; three for São Paulo's RGE.
Cyro Monteiro, sua elegância e seu sorriso arrasador...
Sylvio Caldas canta ao microphone da PRA-9.
Moreira da Silva, 16 Julho 1938.
o menestrel Juca Chaves canta tendo ao lado o Gordurinha, compositor e cantor.