Friday, 10 August 2018

Gilda Lopes continued...

As we have seen, it was first posted here on 2nd April 2012 - Gilda Lopes was a Brazilian hopeful who worked at the Brazilian Embassy in Rome in the late 1950s.

In a short period of less than 3 months - from September to Christmas Eve 1962 - Gilda Lopes lived from heaven to hell. After relentlessly pursuing a career as a singer since 1960, she finally hit the big time when 'O trovador de Toledo', her 1st recording for EMI-Odeon hit Number One throughout the country and Gilda Lopes became the darling of radio, TV, newspapers and magazines. 

Before 1962 was through, Gilda had sold more than 100,000 discs, bought a great apartment in fashionable Copacabana and was on her way to record her first album for Odeon. The week before Christmas 1962, tragedy struck her mercilessly when her 9 year-old son Jean Bayard was the victim of  dreadful accident while travelling in a bus from Porto Alegre-RS to Rio de Janeiro with his grand-mother. 

'Revista do Radio' no. 680 (29 September 1962) introduces Gilda Lopes to its readers.
Gilda Lopes' 'O trovador de Toledo' at #1 at the Revista do Radio's chart on 13 October 1962.
Revista do Radio no. 687 (17 November 1962) acknowledges Gilda Lopes is a phenomenon due to her having sold 100,000 copies of 'O trovador de Toledo' in a few weeks; and warns Angela Maria , who had also recorded a different version of the French tune 'L'arlequin de Tolède' - that she had a new 'rival'. A hundred thousand singles was the greatest amount a Brazilian act could sell then. It was the equivalent of a million records sold in the USA or Japan.
Revista do Radio no.696 (19 January 1963); a small note at 'Mexericos da Candinha' gossip column which was probably ready by late December 1962 eerily says: 'You should see how handsome Gilda Lopes' young man of 9 is'. The 'young-man' was Gilda's 9 year-old son Jean Bayard, who was victim of a harrowing accident in which he nearly died.  
Revista do Radio no. 699 (9 February 1963)

'Revista do Radio', Brazil's top show business weekly rag since 1949 was not exactly an example of excellence. Have a really good look at these 3 different articles about Gilda which were published in a 4-month period and you'll see that RR probably had paid her a visit once, took as many photographs as possible and used them all at different times. The magazine was really slow to catch up with the news. The accident with Gilda's son happened the week before Christmas 1962 but RR only gave a hint of the accident on 9 February 1963, more than a month later.

Actually it looks like this article was already made - for the emphasis is on Gilda's buying of a grand duplex apartment on Rua Dias da Rocha in fashionable Copacabana - when someone said: 'Wait a minute, there was a tragedy here so we have to squeeze it in somehow'. Here's the article in its original Portuguese:

Gilda Lopes experimentou 2 emoções diferentes, quase a um só tempo: recebeu uma fortuna pela venda de seus discos - foi a grande revelação de 1962 - e comprou uma apartamento duplex na Rua Dias da Rocha em Copacabana, no valor de 18 milhões de cruzeiros (USD 36,000 que corresponde a USD 300,000 em valor atualizado em 2018).

A informação chegou à RR por outros canais, sabendo-se que a cantora prefere não divulgar o fato para não ser mal interpretada. Gilda, no entanto, sofreu um abalo fortíssimo ha alguns dias quando soube do acidente em estrada com sua mãe e seu filhinho ocorrido em Curitiba, ficando o menino gravemente ferido, embora esteja a salvo.

Revista do Radio n. 703 (9 March 1963). 'Revista do Radio' finally catches up with the news nearly 3 months later:  

Desde algumas semanas a cantora Gilda Lopes sofre um terrível drama, angustiada inclusive pelo complexo de culpa. Tudo aconteceu à época em que se sucediam os desastres de avião, no Brasil e em outras terras. Alarmada com aquelas tragédias, Gilda Lopes não permitiu que seu filho (de apenas 8 anos) voltasse para o Rio, juntamente com sua vovó (e mãe da cantora) em viagem aérea. Conta-se, mesmo, que o menino, pelo telefone, pediu à sua genitora que o deixasse viajar de avião. Ela não concordou e impôs o regresso através de ônibus. E o pior aconteceu. 

Foi difícil à reportagem apurar a extensão da dolorosa ocorrência. Sabe-se, apenas, que o ônibus em que viajavam o filho e a mãe da cantora sofreu, próximo de São Paulo um abalroamento. O choque foi colher precisamente a criança, causando-lhe ferimentos profundos e suspeita de esmagamento de um dos braços. Infelizmente a suspeita confirmou-se quando a criança foi conduzida ao hospital, onde os médicos, sem outros recursos, tiveram que amputar-lhe o braço, para salvar-lhe a vida. 

Em desespero, a artista foi para junto de seu filho, ausentando-se de todas atividades artísticas. Foi impossível localizá-la. Gilda dedicou-se inteiramente ao seu pequeno Jean, não se sabendo, mesmo, se ela voltaria àquelas atividades. 

Cumpre acrescentar que o menino Jean vinha do Rio Grande do Sul, em companhia de sua avó, mãe de Gilda, que no acidente sofreu fraturas em 5 costelas, permanecendo vários dias, em um hospital, em estado desesperador. 

Agora, felizmente, a mãe de Gilda Lopes encontra-se fora de perigo. A cantora levará o pequeno Jean aos Estados Unidos, a fim de por lá seja-lhe adaptado um braço mecânico.

'Revista do Radio' n. 711 (4th May 1963) finally gets an interview with Gilda Lopes who tells her her whole story. 

Quem vê Gilda Lopes alegre, cantando num programa de TV, nem de leve pode imaginar o drama que viveu e ainda vive. Em 31 de Dezembro de 1962, a mãe da cantora e seu filho de 9 anos, Jean Bayard, vinham de Porto Alegre-RS, quando perto de São Paulo, o ônibus em que viajavam sofreu violento desastre, capotando na estrada. Entre as as outras vítimas menos atingidas, Jean e sua avó não foram tão felizes. Deixemos que a própria Gilda Lopes conte o que aconteceu.

"Foi o pior Ano Novo que já tive em minha vida. Mamãe fraturou 3 costelas e uma delas perfurou-lhe o pulmão. Ela esteve vários dias entre a vida e a morte e, embora já esteja melhor, não está totalmente recuperada. Meu filho sofreu esmagamento do braço esquerdo e teve que amputá-lo, quase à altura do ombro. Ele demonstrou ser uma criança de grande força de vontade porque, poucos dias depois de operado, já estava desenhando, coisa que adora fazer. 

Durante 2 meses, abandonei minha carreira e fiquei com minha mãe e meu filho na Beneficência Portuguesa de São Paulo. Emagreci tanto que meus amigos quase que não me conheciam mais. Sofri o que não desejo ao meu pior inimigo, se é que tenho algum. Mas agora, felizmente, tudo vai entrando novamente nos eixos". 

A entrevista tem lugar no belo apartamento da cantora em Copacabana, no Posto 4. Ela frequenta o posto que reside usando seu maiô de uma peça só, preto. Mas quando quer queimar-se, pega seu carro esporte Isabella, manufaturado pela Borgward, de cor gelo, de 2 lugares, e, de bikini, vai dourar a pele na Barra da Tijuca.

Recuperada de seu esgotamento físico e nervoso, causado pelo acidente, Gilda voltou às suas medidas - 1,65 m de altura, 53 kg de peso, 95 cm de busto e quadris e 59 cm de cintura - que combinam com seus longos cabelos castanhos claros. A propósito, ela nos conta: 

"Já fui 'Rainha dos Estudantes' em Porto Alegre e 'Rainha do Grupo Folclórico'. Também fui eleita Miss Porto Alegre, 5 meses antes de me casar, mas esse título ficou pouco tempo comigo pois descobriram que eu tinha apenas 15 anos. Depois casei, desquitei-me e ha cerca de 1 ano enviuvei. 

Nasci em Porto Alegre em 17 de junho de 1937 e sou a cantora da família. Minha irmã é pintora, formada em artes plasticas e minha mãe é pianista, tendo dado concertos até os 15 anos de idade, quando casou. Eu também estudei piano, mas apenas durante 6 anos. Estudei ballet em Porto Alegre e no Rio de Janeiro e, durante 4 anos, aprendi dança espanhola.

Depois resolvi ser médica e assim cursei medicina, 1 ano em Porto Alegre e outro no Rio. Desisti para ir viver na Europa, mas talvez ainda volte a estudar, embora me sinta realizada no canto. 

Fiquei 2 anos na Europa, onde era adida cultural à Embaixada do Brasil em Roma. Foi lá que começou minha carreira artística. Um dia o embaixador pediu-me que fosse representar o Brasil num programa da Radio. Fui pensando que era para falar mas queriam que eu cantasse. Acedi e pouco depois recebia um convite da RAI, Televisão Italiana para cantar em um programa. 

Prometeram pagar minha atuação, mas eu tinha pavor de cantar na televisão e, enquanto eu ia recusando, o pessoal da RAI ia aumentando as ofertas. Afinal ganhei 50.000 cruzeiros, uma geladeira, uma televisão e outros presentes. Fui contratada e tive que me registrar como artista. Cantava em Milão e Roma, além de trabalhar na Embaixada. 

Não resistindo à saudade da família, voltei ao Brasil, justamente quando, depois de trabalhar em 'Le bellissime gambe di Sabrina', filme com Mamie Van Doren, lançado em 21 Novembro 1958, era chamada para aparecer em 'La dolce vita' de Fellini. 

Durante 2 anos estive no Brasil sem trabalhar e reapareci ha 8 meses, quando fui contratada pela Odeon para gravar. Tendo ouvido na boite Black Horse uma musica francesa chamada 'L' arlequin de Tolède', resolvi gravá-la em um 78 rpm, que já vendeu 150,000 cópias. O compacto-simples 'Tango italiano' / 'O trovador de Toledo' já vendeu 30,000 cópias, e então a EMI-Odeon resolveu gravar meu LP, que se chama 'Gilda Lopes, a fabulosa'.

Devido ao êxito de algumas músicas desse LP, a fábrica lançou um compacto com 'Ba ba laô' e 'Quero paz' e um 78 rpm contendo 'Padre Don Jose' e 'Hora do amor'.

Para finalizar podemos informar que em junho de 1963, Gilda Lopes irá aos Estados Unidos, para atuar no programa de Ed Sullivan e nessa ocasião levará consigo seu filho, para colocar um braço artificial, que lhe dará todos os movimentos necessários. 

Gilda Lopes tries to find solace reading Norman Vincent Peale's 'The power of positive thinking' (O valor do pensamento positivo). 

Gilda Lopes' first single 'O trovador de Toledo' (L'Arlequin de Tolède) written by Hubert Giraud & Jean Drejac translated into Portuguese by Romeu Nunes - reached #1 as a 78 rpm in late 1962. By early 1963 Odeon re-released it as 33 rpm 7-inches single (7B-014).
Gilda Lopes' second single for Odeon (015) 'A hora do amor' (Les filles de Cadix) wasn't a smash hit like 'O trovador de Toledo' but went high in the charts too reaching #1 in Rio de Janeiro. 
78 rpm 'Tango italiano' b/w 'O trovador de Toledo'.

'O trovador de Toledo' leaps from #10 to Number One in one short week on 23rd September 1962, displacing Bobby Darin's 'Multiplication' from the film 'Come September'. 

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